Dia Internacional da Mulher – Há muito o que se conquistar
Cláudia C. Guerra*

A II Conferência Internacional Socialista, realizada em 1910, em Copenhague, na Dinamarca, aprovou uma resolução, por meio da alemã Clara Zetkin, que estabelecia o Dia 8 de Março, como o marco da luta pelo reconhecimento dos direitos da cidadania feminina. Com o decorrer do tempo, a data passou a ser comemorada em vários países do mundo, mas foi somente em 1975 oficializada pela Organização das Nações Unidas(ONU) como o Dia Internacional da Mulher.
Hoje muitas mulheres lutam contra qualquer tipo de violência, pelo exercício pleno e livre de sua sexualidade, pela igualdade de direitos e de oportunidades em todos os setores sociais, pela divisão das tarefas domésticas com seus companheiros e familiares, assim como pela responsabilização do casal pela educação dos (as) filhos(as), pela igualdade salarial no mercado de trabalho, pela ocupação em cargos de chefia e atuação política, dentre tantas outras “batalhas” cotidianas. Enfim, opondo-se a práticas de opressão, exclusão e discriminação que possam sofrer pelo simples fato de serem mulheres. As mulheres de hoje têm já uma série de garantias e vivem num mundo melhor graças também à luta, as conquistas e sofrimento das mulheres do passado.
Em homenagem a essas trabalhadoras assassinadas em 1857, o 8 de Março foi instituído como o Dia Internacional da Mulher. Apesar das lutas serem cotidianas, essa é uma data para reflexão de homens e mulheres (é um problema de todos) sobre suas práticas e “papéis” enquanto cidadãos(ãs) na construção cotidiana de uma sociedade melhor, onde homens e mulheres convivam de modo saudável, com mais tolerância, equidade e respeito. Não se trata de desejar repetir o passado, mas de tentar realizar suas esperanças. As esperanças das 129 operárias queimadas vivas.
Em Uberlândia, ainda é muito significativa a defasagem de creches que viabilizem o exercício profissional de muitas mulheres, apesar de ser direito constitucional e previsto nos Direitos Humanos. Ainda cabe a elas, graças a não distribuição das tarefas de modo generalizado e devido as construções de gênero equivocadas, o predominante cuidado com os(as) filhos(as). E essa responsabilidade deve ser também familiar, da sociedade e do Estado. Como falar em emancipação se não há onde deixar os(as) filhos(as) para trabalhar?
Outro aspecto de destaque está no alto índice de violência conjugal e intrafamiliar, onde a demanda, predominantemente feminina, ainda é sujeita a infraestrutura e recursos humanos inadequados e insuficientes nos órgãos públicos de atendimentos.
Na política, apesar de serem a maior parte da população, das eleitoras e as “tarefeiras”, os cargos de poder ainda são predominantemente masculinos.
Por tudo isso e muito mais, espera-se que nas atividades do comemorar, termo que significa trazer à memória, haja conotação diferente de mera festividade. E que as discussões sejam acompanhadas de proposições no que tange a ampliação, criação e fiscalização de políticas públicas governamentais e não-governamentais para que se possa sair da falação para a ação.
Assim, quem sabe no futuro, a referida data seja desnecessária e apenas referência acerca de curiosidades do séc. XXI.
Referências importantes:
· Ong SOS Ação Mulher Família de Uberlândia(pela paz conjugal e intrafamiliar) – (0xx34)3215-7862, R. Johen Carneiro, 1454;
· Programa PAM “Patrulha de Atendimento Multiprofissional” para abordagens domiciliares à violência intrafamiliar, uma parceria da ong SOS Mulher Família, a UFU, a polícia militar e a PMU – (34)3215-7862;
· Delegacia de Mulheres de Uberlândia - (0xx34) 3210-3646, Av. Rondon Pacheco, 2446;
· Núcleo de Estudos de Gênero/UFU – (0xx34)3239-4501;
· Conselho Municipal da Mulher de Uberlândia – R. Guaicurus, 395 (0xx34)3216-0319;
· Núcleo de Apoio à Mulher/Casa Abrigo Travessia/SMDST/PMU - (0xx34) 3239-2538.
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*Cláudia Guerra é membro fundadora e voluntária da ONG SOS Mulher Família de Uberlândia; mestre em História; professora universitária; voluntária pesquisadora do Núcleo de Estudos de Gênero da Universidade Federal de Uberlândia.
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