sexta-feira, 7 de março de 2014

08/03 – DIA INTERNACIONAL DA MULHER: mudanças, permanências e desafios

Por Cláudia C. Guerra*

Essa história é antiga, polêmica e há versões diferentes para sua origem e significado. Mas, de modo geral, em 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos de Nova York, EUA, fizeram uma das primeiras greves conduzidas por mulheres. Reivindicavam redução da jornada de trabalho que era de 16 horas diárias, licença-maternidade, igualdade salarial, com melhores condições de vida e de trabalho. Em resposta, os patrões trancaram a fábrica com as trabalhadoras dentro, jogaram gasolina e atearam fogo. Aproximadamente 129 mulheres foram queimadas vivas.

A II Conferência Internacional Socialista, realizada em 1910, em Copenhagen, na Dinamarca, aprovou uma resolução, por meio da alemã Clara Zetkin, que estabelecia o Dia 8 de Março, como o marco da luta pelo reconhecimento dos direitos da cidadania feminina. Com o decorrer do tempo, a data passou a ser comemorada em vários países do mundo e em 1975 foi oficializada pela Organização das Nações Unidas(ONU) como o Dia Internacional da Mulher.

Atualmente, muitas mulheres lutam pela não violência, pelo exercício pleno e livre de sua sexualidade, pela igualdade de direitos e de oportunidades em todos os setores, pela divisão das tarefas domésticas com seus companheiros e familiares, assim como pela responsabilização do casal pela educação dos (as) filhos(as), pela igualdade salarial no mercado de trabalho, pela ocupação em cargos de chefia e atuação política, dentre tantas outras reivindicações cotidianas. Enfim, opondo-se a práticas históricas de exclusão e descaracterização que possam acontecer pelo simples fato de serem mulheres. Várias possuem garantias e vivem num mundo melhor graças também ao sofrimento e às conquistas de mulheres do passado.

Em homenagem a essas trabalhadoras assassinadas em 1857, o 8 de Março foi instituído como o Dia Internacional da Mulher. Essa é uma data para reflexão de homens e mulheres sobre suas práticas e discursos enquanto cidadãos(ãs), na construção cotidiana do social que objetive a convivência cordial, tolerante e respeitosa, mesmo que permeada por conflitos. Ao ser retomada a data, não se trata de desejar repetir o passado, mas talvez ainda de realizar muitas de suas esperanças.

Em Uberlândia, ainda é significativa a defasagem de creches/Emeis que viabilizem o exercício profissional de mulheres, apesar de ser direito constitucional e previsto nos Direitos Humanos. Ainda cabe a muitas delas, graças a não distribuição das tarefas de modo generalizado e devido as construções desiguais de gênero, a tripla jornada, acumulando afazeres domésticos e o cuidado com os (as) filhos(as). E essa responsabilidade deve ser familiar, da sociedade e do Estado. Como falar em autonomia sem algumas garantias que não sejam meramente formais?  

Outro aspecto de destaque está no alto índice de violência conjugal e familiar, onde a demanda, predominantemente feminina, ainda é sujeita a infraestrutura e recursos humanos insuficientes por parte de profissionais que nem sempre passam por formação continuada, nos órgãos públicos de atendimentos, advindo a violência institucional. A ONG SOS Mulher e Família tem atendido uma média de 1.500 novas famílias ao ano que vivem violência doméstica. Em Uberlândia, ainda não foi criado o Juizado Especial Criminal e Civil, como prevê a Lei Maria da Penha (11.340 de 2006) para operacionaliza-la adequadamente.

Na política, apesar de serem a maior parte da população, das eleitoras e as “tarefeiras”, os cargos de poder e decisão não são proporcionalmente ocupados por elas.

Por tudo isso, espera-se que nas atividades do comemorar, termo que significa trazer à memória, haja ações para além de festividades ou uso mercadológico do momento. E que os eventos sejam acompanhados de proposições no que tange a ampliação, criação e fiscalização de políticas públicas governamentais e não governamentais e de oportunidades para mudanças de atitudes de homens e mulheres, com vistas a novas experiências que rompam com dicotomias de gênero e processos de dominação.

Assim, quem sabe no futuro, a referida data seja desnecessária e apenas referência acerca de curiosidades do séc. XXI.

Referências locais importantes:
·         ONG SOS Ação Mulher Família de Uberlândia (paz conjugal e familiar) – (34)3215-7862, novo endereço R. Feliciano de Morais, 62, Bairro Aparecida(próximo ao SESC), www.facebook,com/sosmulherfamiliauberlandia
·         Programa PAM “Patrulha de Atendimento Multiprofissional” para abordagens domiciliares à violência intrafamiliar, uma parceria da ONG SOS Mulher Família, a UFU, a polícia militar e a PMU – (34)3215-7862
·         Núcleo de Estudos de Gênero/UFU – (34)3239-4501
·         Conselho Municipal da Mulher de Uberlândia – R. Guaicurus, 395 (34)3216-0319
·         Delegacia de Mulheres de Uberlândia e CIM (Centro Integrado da Mulher – com Defensoria da Mulher) - (34) 3231-3756, R. Cruzeiro dos Peixotos, 557 
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*Cláudia C. Guerra é membro fundadora, voluntária e da diretoria da ONG SOS Mulher e Família de Uberlândia (pela paz conjugal e familiar) e pesquisadora do Núcleo de Estudos de Gênero da UFU; uma das constituidoras do Programa PAM “Patrulha de Atendimento Multidisciplinar” (para abordagens domiciliares em violência intrafamiliar); professora universitária da ESAMC e de pós graduação em outras IES; doutoranda em História pela UFU sobre violência de gênero; mestre em História pela USP-SP; Ex-gestora da Divisão dos Direitos da Mulher e Políticas de Gênero e Casa Abrigo Travessia/PMU (2001-2002); Ex-Presidenta do Conselho Mun. da Mulher(gestão 2004-2006). 

terça-feira, 26 de novembro de 2013

25 de Novembro - Dia Internacional da Não Violência contra as Mulheres e Início da Campanha 16 Dias de Ativismo

Por Cláudia C. Guerra


O dia 25 de novembro foi declarado Dia Internacional da Não Violência contra Mulheres, no Primeiro Encontro de Mulheres da América Latina e Caribe realizado na cidade de Bogotá em 1981, como justa homenagem a “Lás Mariposas”, codinome utilizado em atividades clandestinas pelas irmãs Mirabel, heroínas da República Dominicana, brutalmente assassinadas em 25 de novembro de 1960.

Minerva, Pátria e Maria Tereza ousaram se opor à ditadura de Rafael Leônidas Trujillo, uma das mais violentas da América Latina. Por tal atitude, foram perseguidas e presas juntamente com seus maridos. Como plano para assassiná-las, uma vez que provocaram grande comoção popular enquanto estavam presas, o ditador acabou por libertá-las, para em seguida simular um acidente automobilístico matando-as quando iam visitar seus maridos no cárcere. Seus corpos foram encontrados no fundo de um precipício estranguladas e com ossos quebrados. A notícia do assassinato escandalizou e comoveu a Nação.

Suas ideias, porém, não morreram. Seis meses mais tarde, em 30 de maio de 1961, Trujillo é assassinado e com ele cai a ditadura. Inicia-se, então, o processo de libertação do povo dominicano e de respeito aos direitos humanos, como quiseram Pátria, Minerva e Maria Tereza, cuja memória converteu-se em símbolo de dignidade, transcendendo os limites da República Dominicana para a América Latina e o mundo.
As organizações participantes da Campanha Internacional 16 Dias de Ativismo contra a Violência de Gênero realizarão este ano ações e debates. A ênfase está na promoção da paz no lar até a paz no mundo e na efetividade da Lei Maria da Penha. Como nos anos anteriores, a Campanha terá início em 25 de novembro, Dia Internacional de Ação Não Mais Violência contra as Mulheres, e terminará no dia 10 de dezembro, data em que se celebra o Dia Internacional dos Direitos Humanos.

Em Uberlândia, desde 1997, há o SOS Mulher e Família de Uberlândia para os atendimentos a pessoas que vivenciam a violência conjugal e intrafamiliar, seja física, sexual, patrimonial, psicológica ou moral, com trabalho interprofissional (sócio-histórico, psicológico, jurídico) e atividades educativas e preventivas junto à comunidade, sendo os serviços gratuitos e predominantemente voluntários, fone (034)3215-7862. Além desse serviço, conta também com a Casa Abrigo Travessia de Uberlândia (abrigo temporário e sigiloso para mulheres e filhos(as) menores em situação de risco, em virtude da violência conjugal e intrafamiliar), um serviço coordenado pelo Setor de Atenção Especial/SMDST/PMU, fone:(034)3239-2620 e 3239-2538), tendo o SOS Mulher como centro de referência em parceria com a Delegacia de Mulheres para os atendimentos iniciais e encaminhamentos. Há também o serviço pioneiro realizado pela PAM – Patrulha de Atendimento Multidisciplinar, com abordagens domiciliares a casos de violência intrafamiliar, uma parceria entre a ONG SOS Mulher e Família, Polícia Militar de MG, UFU e PMU. Juntos SOS Mulher e Família e programa PAM têm atendido uma média de 2.000 novas famílias ao ano, no primeiro atendimento. O Centro Integrado da Mulher contempla a Defensoria da Mulher e a Delegacia de Mulheres que acolhe representações, abre inquérito e dá encaminhamentos para aplicação da Lei Maria da Penha, fone:(0xx34)3231-5310 e 3210-3646.

Nessa data faz-se necessário um balanço da Lei Maria da Penha, seus avanços e dificuldades de operacionalização. Com essas e outras políticas públicas passou-se a "meter a colher em briga de marido e mulher", buscando ajuda, para que a violência existente não se intensifique.

Afinal, sem as mulheres os direitos não são humanos. A vida recomeça quando a violência termina e onde há violência todos perdem. A construção da paz começa em casa.



*Cláudia Guerra é voluntária, da diretoria e membro fundadora e da diretoria da ONG SOS Mulher e Família de Uberlândia; mestre em História; doutoranda em História/UFU sobre violência de gênero/conjugal/doméstica, professora universitária; pesquisadora do Núcleo de Estudos de Gênero sobre Mulheres/UFU. 

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Show Beneficente - 15 Anos de atuação da ONG

A festa beneficente, dos 15 anos de atuação da ONG SOS Mulher Família de Uberlândia, além de super badalada, mostrou o quanto a sociedade está sensibilizada com a causa da justiça e respeito nas relações de gênero e intrafamiliares.
A animação, com a banda Lísias, esteve garantida! 

Separamos algumas fotos pra vocês conferirem, e aproveitamos para agradecer a prestigiosa presença de todos.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Programa Entrevista Coletiva com participação de Cláudia Guerra



Programa Entrevista Coletiva  da Rede Band Triângulo, com participação de Cláudia Guerra, expondo e respondendo sobre direitos femininos, mulheres na política e mercado de trabalho, entre outros temas.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Mudança fortalece Lei Maria da Penha

"Muitas mulheres pedem arquivamento do processo de agressão."


Algumas mudanças na lei podem evitar que o medo e a impunidade continuem prevalecendo nos casos de violência conjugal, doméstica e intrafamíiar. Veja a reportagem que explica essas mudanças.

Reportagem exibida no Programa Balanço Geral  da TV Paranaíba, no dia 12/03/2012 


Curso de Formação Continuada - Abril

Curso de Formação Continuada Para Equipes que Trabalham com Violência Conjugal e Intrafamiliar

Data: 4 de abril (primeira quarta-feira do mês)

Horário: 14h às 15h 30min.

Local: sede da ONG na R. Johen Carneiro, 1454.

Tema: De onde falamos e o que fazemos? Reflexões e alterações do Estatuto e o Regimento Interno da ONG SOS Mulher Família.


Coordenação geral: Cláudia Guerra e Klênio Antônio

sexta-feira, 16 de março de 2012

Uma Instituição de Excelência

No ano de 2011, a ONG  SOS Mulher Família concorreu e foi premiada com o Selo Excelência Cidadã, para projetos de destaque do terceiro setor, promovido pela Câmara de Diretores Lojistas de Uberlândia (CDL), tendo submetido à comissão avaliadora e julgadora dois projetos e ambos premiados, intitulados - SOS Mulher Família de Uberlândia: atuação interprofissional pela paz conjugal e intrafamiliar, sob a coordenação de Cláudia Guerra e ainda ao projeto: Programa PAM/Patrulha de Atendimento Multidisciplinar: pela paz e cidadania familiar, sob a coordenação de Marina Drummond e Cláudia Guerra, mas ambos fruto de um trabalho coletivo e articulado.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Programa A Liga (BAND) aborda o tema 'Violência Doméstica'

"Lobão, Cazé, Thaíde, Débora Vilalba e Sophia Reis falam de pessoas que sofrem violência dentro de casa. O programa foca também a Delegacia da Mulher, na Lei Maria da Penha e nos albergues que servem de refúgio para as mulheres que sofreram algum tipo de violência. A Liga faz um teste de indiferença colocando um casal de atores brigando na rua para comprovar as reações das pessoas."

CONTINUE...

segunda-feira, 12 de março de 2012

Reportagem do MGTV 1ª Edição sobre violência nos relacionamentos

Reportagem do MGTV 1ª Edição sobre violência nos relacionamentos (tema: “Namoro Violento”), com a participação de Cláudia Cruz e Cláudia Guerra – voluntárias da ONG SOS Mulher Família de Uberlândia. (02/11/2010)